Como atuam os produtos de fixação do penteado?

 

Os produtos de fixação de penteado são usados, fundamentalmente, com o objetivo de modificarem o penteado, especificamente pela alteração da textura do cabelo, e da fixação de uma determinada secção de cabelo, ou a totalidade da cabeleira, numa forma pretendida.

Existem diversos produtos de fixação do cabelo, nomeadamente sprays fixadores/lacas, ceras, mousses ou geles. As resinas e polímeros constituem os principais ingredientes funcionais destes produtos cosméticos capilares, sendo que o seu mecanismo de atuação consiste no aumento da rigidez das fibras capilares, que é responsável pela diminuição da movimentação do cabelo e, portanto, pela sua fixação.

A fibra capilar é constituída por queratina que possui grupos carboxilo (carregados negativamente), e grupos amina (carregados positivamente). O ponto isoelétrico da cutícula corresponde ao pH 3,7, o que significa que, na sua forma natural, o cabelo tem carga negativa. Os ingredientes catiónicos (que têm carga positiva) são prontamente atraídos para os fios de cabelo, contrariamente aos ingredientes aniónicos (que têm carga negativa). Quando o solvente (geralmente água e/ou álcool) no qual os polímeros catiónicos se encontram solubilizados evapora, o polímero fica depositado sobre o cabelo, promovendo a junção dos vários fios de cabelo.

Os sprays fixadores/lacas, ceras, geles e mousses para cabelo atuam, assim, pela deposição do polímero que vai levar à formação de um filme que promove a adesão de fios de cabelo adjacentes. Se o cabelo não for penteado após o endurecimento da resina e/ou polímero (depois da evaporação do solvente), formam-se locais rígidos de contacto do polímero entre as fibras. Por outro lado, se o cabelo for penteado, ou até mesmo lavado, verifica-se a quebra desses locais de contacto, revertendo-se a ação dos produtos de fixação do cabelo.  

- Os produtos de fixação do cabelo consistem em sprays fixadores/lacas, ceras, ou geles, que, apesar das diferenças apresentadas na composição, apresentam um modo de ação semelhante.
- A fixação decorre, de forma geral, do contacto das cargas positivas dos polímeros presentes nos produtos de fixação com as cargas negativas características das fibras capilares, formando um filme que promove a adesão entre fibras capilares adjacentes, permitindo a manutenção de um formato particular do cabelo à medida que o solvente evapora.
- A ação dos produtos de fixação do cabelo pode ser facilmente revertida através da lavagem, ou do ato de pentear o cabelo. 

Que tipo de produtos de fixação capilar existem?

 

Os produtos de fixação capilar podem ser sprays fixadores/lacas, ceras, mousses ou geles, que têm como principal objetivo a modelação do cabelo no formato pretendido. O principal ingrediente de um produto de fixação é o agente formador de filme (ou filmogéneo), que contribui para que o cabelo assuma a forma pretendida.

Os sprays fixadores/lacas são preparações de secagem rápida, aplicadas sobre o cabelo seco, que conferem rigidez, de modo a manter o cabelo com o estilo desejado. Estes contêm, normalmente, uma associação de agentes filmogéneos, incluindo resinas e/ou polímeros (ex. polivinilpirrolidona – PVP, acetato de polivinilo, copolimero de acrilato, entre outros), que formam uma película em torno da haste capilar, fixando o penteado e diminuindo a absorção de humidade. Os sprays fixadores/lacas contêm também gases propelentes (ex. butano ou isobutano).

As ceras capilares diferenciam-se pela sua constituição rica em ceras, como cera de abelhas ou ozocerite, e pela menor quantidade de solventes, nomeadamente de álcool, o que justifica o facto de este produto cosmético capilar não secar completamente. As ceras capilares são aplicadas em cabelos secos.

Já as mousses apresentam na sua constituição polímeros filmogéneos, condicionadores (tais como polyquaternarium-7, polyquarternarium-10 e polyquarternarium-11, de carga positiva), hidrocarbonetos e tensioativos não iónicos, cuja função é, por um lado, reduzir a tensão superficial para facilitar a espalhabilidade do polímero filmogéneo pelo fio capilar e, por outro, proporcionar a espuma característica do produto. Dependendo da natureza do fixador, as mousses para pentear o cabelo podem proporcionar uma fixação forte ou flexível, proporcionando um aspeto natural. São geralmente aplicadas em cabelos húmidos.

Os geles, à semelhança das mousses, contêm solventes hidroalcoólicos e podem ser aplicados tanto em cabelo húmido, como em cabelo seco. A sua ação fixadora deve-se, principalmente, à presença de agentes formadores de filme (ex. PVP) e aos agentes gelificantes (ex. carbómeros, derivados da celulose, carragenina).

Para além dos ingredientes funcionais, estes produtos apresentam outros ingredientes como corretores de pH (ex. aminometilpropanol), emolientes (ex. dimeticone, glicerina), solventes (ex. água e/ou álcool), conservantes (ex. parabenos, fenoxietanol), corantes, fragrâncias, entre outros constituintes.

- Os produtos de fixação de penteado podem ser sprays fixadores/lacas, ceras, mousses ou geles.
- O principal ingrediente de um produto de fixação do penteado é o agente formador de filme, tal como o PVP,  com a função de manter o cabelo no formato  pretendido.
- Os diferentes ingredientes, e/ou proporções em que se encontram, definem os diferentes efeitos dos vários produtos de fixação de penteado.

Os produtos capilares têm Fator de Proteção Solar?

Os produtos capilares não têm Fator de Proteção Solar (FPS). O FPS representa a dose de radiação UVB necessária para provocar eritema na pele protegida por um produto fotoprotetor, em comparação com a pele não protegida. Alguns produtos capilares são capazes de proteger a haste capilar dos efeitos agressivos da radiação solar, mas esta proteção não se expressa numericamente como FPS. O cabelo não exibe eritema, pelo que será impraticável a avaliação do FPS de um produto capilar de acordo com as metodologias oficiais estabelecidas para os protetores solares.  

A proteção solar nos cuidados capilares tem como propósito preservar a integridade e características da fibra capilar, uma vez que a exposição solar a poderá fragilizar ao provocar: 

- perda de densidade, resistência e elasticidade;
- desidratação, com redução do filme hidrolipídico;
- adelgaçamento;
- alteração da coloração natural ou artificial.  

Assim, existem produtos cosméticos fotoprotetores capazes de revestir e proteger a haste capilar, que incluem ingredientes como:

- filtros orgânicos (benzofenonas, octildimetil p-dimetilaminobenzoato, salicilato de etilhexilo);
- compostos quaternários (cloreto de cinamidopropiltrimónio, tosilato de dimetilpabamidopropil laurdimónio, entre outros);
- silicones (trimetilsiloxissilicato e propil-fenil silsesquioxano);
- antioxidantes (polifenóis, extratos de alcachofra (Cynara scolymus L.), de arroz (Oryza sativa L.), de romã (Punica granatum L.) ou de madressilva (Lonicera japonica Thunb)).

Não existe nenhuma norma oficial relativa a parâmetros de avaliação do FPS ao nível da haste capilar e a sua representação numérica não é referenciada na rotulagem dos produtos. Apesar disso, alguns autores têm vindo a propor metodologias que procuram uniformizar as condições e variáveis experimentais em que os produtos destinados à fotoproteção capilar são testados (dose e tipo de radiação, temperatura e humidade relativa), bem como os parâmetros avaliados (alteração da resistência à rutura da fibra capilar, preservação da cor, dano sobre a melanina ou queratina).

- A eficácia de um protetor solar para a pele ou para o cabelo não pode ser avaliada da mesma forma, uma vez que têm propriedades muito diferentes.

- Alguns produtos cosméticos incluem ingredientes capazes de revestir e proteger a haste capilar, minimizando os danos resultantes da exposição solar.

 

As tintas capilares sem amoníaco são mais seguras?

Nas formulações para coloração capilar permanente é frequente a utilização do amoníaco que proporciona o meio alcalino ideal ao levantamento da cutícula externa da haste, possibilitando a entrada dos corantes até ao córtex da fibra capilar.

Contudo, este ingrediente é associado ao seu odor caraterístico e ao potencial para irritar o trato respiratório, pele e olhos. As preparações que o contêm devem ser utilizadas com precaução. No entanto, não existem evidências que relacionem o uso do amoníaco com efeitos adversos graves sobre a saúde humana em consequência da exposição a baixos níveis deste ingrediente.

A principal diferença entre uma tinta capilar demi-permanente face a uma tinta permanente é o agente alcalino utilizado, sendo que na primeira são utilizadas alternativas ao amoníaco como o aminometilpropanol (AMP), as etanolaminas e carbonato de sódio, sendo a monoetanolamina (MEA) a opção mais frequente. Assim, as tintas capilares demi-permanentes apresentam durabilidade inferior e menor poder para modificar a cor original da haste capilar, sendo adequadas para escurecer o cabelo ou manter uma cor semelhante à inicial.

Tanto o amoníaco como a MEA apresentam potencial para alterar as propriedades da haste capilar e esta última, apesar do seu odor mais discreto, não evapora rapidamente como o amoníaco, pelo que os seus resíduos poderão permanecer sobre o couro cabeludo e cabelo após o procedimento de coloração. Desta forma, a MEA poderá conduzir a irritação cutânea e dano sobre a haste capilar com alteração da qualidade da cutícula e perda de proteínas estruturais.

De acordo com a legislação em vigor, tintas capilares com concentrações de amoníaco superiores a 2% deverão conter a seguinte menção na embalagem: “contém amoníaco”, sendo que este poderá ser incluído nestes produtos em concentrações até 6%. Segundo o comité de especialistas da Cosmetic Ingredient Review, o amoníaco ou o hidróxido de amoníaco são seguros para utilização em procedimentos de coloração capilar desde que utilizados de acordo com as recomendações em vigor.

- As tintas capilares sem amoníaco não são necessariamente mais seguras.

- A segurança de uma tinta capilar relaciona-se com a concentração em que cada ingrediente se encontra e com as caraterísticas da formulação final.

- O amoníaco ou o hidróxido de amónio são seguros para procedimentos de coloração capilar desde que utilizados de acordo com as recomendações em vigor.

Qual a diferença entre um champô e um gel de banho?

Champô e gel de banho são dois produtos cosméticos de higiene, de constituição bastante semelhante: água, tensioativos, condicionadores, espessantes, estabilizadores de espuma, conservantes e outros aditivos. No entanto, entre eles existem várias diferenças. 

Em primeiro lugar, têm diferentes objetivos: enquanto o champô pretende lavar o cabelo e o couro cabeludo, o gel de banho tem como principal função a higiene corporal. Isto traduz-se em diferenças na sua composição, para dar resposta às diferentes exigências dos seus locais de aplicação. Relativamente aos tensioativos, a sua natureza pode ser a mesma (aniónicos e anfotéricos) em ambas as categorias, mas os geles de banho apresentam normalmente menor poder detergente. Por outro lado, enquanto o pH de um champô se situa entre 4 e 6, o pH de um gel de banho normalmente fica entre 5 e 6,5, uma vez que o ambiente capilar tem um pH mais ácido do que a pele. A principal diferença entre os dois produtos reside no condicionador. Os geles de banho contêm condicionadores corporais com função de reposição do manto hidrolipídico, enquanto que os champôs têm na sua composição  ingredientes com funções anti frisante, amaciador, facilitador do penteado entre outras mais específicas. Assim sendo, são inúmeras  as diferenças entre gel de banho e champô, que visam uma melhor adequação ao seu respetivo local de aplicação.

- Embora partilhem algumas semelhanças, champô e gel de banho têm muitas diferenças na sua composição, que se devem principalmente às diferenças nos seus locais de aplicação;

- As suas principais diferenças são: os tensioativos que contêm, o seu valor de pH e os aditivos. 

Que tipos de tintas capilares existem?

As tintas capilares variam em função do tipo de coloração produzida, do seu poder de cobertura e durabilidade. Entre as mais comuns encontram-se as tintas temporárias, semipermanentes e permanentes:

- As colorações temporárias apresentam corantes de elevada massa molecular que ficam aderidos à cutícula da haste capilar. A cor desaparece uma vez que são facilmente removíveis com água. Poderão ser formuladas sob a forma de champô, gel, emulsão ou em solução para aplicação única ou contínua. As colorações de aplicação contínua - colorações progressivas - recorrem a catalisadores metálicos que reagem formando sais que se depositam sobre a haste. A sua aplicação diária conduz ao escurecimento gradual do cabelo.

- As colorações semi-permanentes resultam de uma mistura de corantes com alguma capacidade de penetrarem até ao córtex capilar. A coloração é eliminada após cerca de 10 lavagens. Permitem colorações em tons aproximados do original e são habitualmente utilizadas para cobrir os primeiros cabelos brancos.

- As tintas permanentes contêm precursores incolores que, em meio oxidante alcalino, penetram até ao córtex e aí reagem com acopladores para formar moléculas de elevada massa molecular que ficam retidas no interior da haste capilar, atribuindo-lhe cor. Com este tipo de coloração é possível obter uma elevada diversidade de cores de longa duração, de acordo com as combinações entre precursores e acopladores. Por outro lado, se o meio oxidante alcalino for mais suave, os corantes fixam-se em menor extensão - colorações demi-permanentes. Este meio reacional permitirá atingir uma cobertura de cerca de 50% dos cabelos e menor diversidade de cores.

Assiste-se atualmente a um elevado dinamismo na investigação em coloração capilar. Entre os vários exemplos em estudo incluem-se as soluções de coloração formuladas sem recurso a agentes oxidantes, com interferência mínima sobre a haste capilar, recorrendo, por exemplo, a sais de titânio ou ao grafeno.

- As tintas temporárias, semi-permanentes e permanentes são as três principais categorias de tintas capilares, por ordem crescente do seu poder de cobertura e durabilidade de coloração.

- As tintas demi-permanentes e permanentes envolvem reações de oxidação-redução em meio alcalino, o que resulta em maior durabilidade da coloração.

Qual a composição de um champô?

Um champô é um produto de higiene corporal, que tem como principal função lavar o cabelo e couro cabeludo, podendo existir sob forma de líquido, creme ou pó. São requisitos desejáveis de um champô que, para além de limpar o cabelo e o couro cabeludo, não o desengordure em demasia, produza espuma abundante e cremosa, tenha consistência adequada, cor e aroma agradáveis, provoque o mínimo de irritação ocular e não interfira com as tintas do cabelo. Para dar resposta a todas estas exigências, os champôs têm uma composição diversificada. A título de exemplo poderão ser constituídos por:

  • Água (± até 50%) – é o componente maioritário, o veículo;
  • Detergentes (que também são tensioativos) (± até 2%) – lavam o cabelo e couro cabeludo, removendo a sujidade proveniente do meio ambiente, produtos de styling do penteado e sebo. Os tensioativos podem ser de vários tipos, tais como:
    - aniónicos – como por exemplo os alquilssulfatos (laurilétersulfato de sódio) ou os sulfosuccinatos (laurilsarcosinato de sódio);
    - anfotéricos – como as betaínas;
    - não iónicos – alcanolamidas de ácidos gordos.
  • Acondicionadores (± até 15%) – deixam o cabelo suave e sedoso após a lavagem, podem ser tensioativos catiónicos (compostos de amónio quaternário), silicones (dimeticone), propilenoglicol, glicerina ou lanolina e seus derivados;
  • Espessantes (± até 10%) – conferem maior consistência ao champô. Normalmente é utilizado o cloreto de sódio, ou outros sais ou derivados da celulose, propilenoglicol ou polímeros acrílicos;
  • Estabilizadores de espuma (± até 4%) – permitem que o champô faça espuma (como as alcanolamidas de ácidos gordos);
  • Conservantes (± até 1%) – reduzem contaminação microbiana e fúngica, antes e após a abertura (parabenos ou fenoxietanol);
  • Agentes quelantes (± até 0,5%) – previnem a formação de turvação (EDTA);
    Outros aditivos – como opacificantes (estearato de glicol), corantes, perfumes e ingredientes ativos (champôs para condições dermatológicas específicas).

Em suma, a composição de um champô é variável consoante a finalidade e as propriedades que se pretende atribuir ao champô, por exemplo um champô anticaspa terá na sua composição um ingrediente ativo com propriedades anticaspa.

- De um modo geral, um champô tem na sua constituição: água, detergentes, acondicionadores, espessantes, estabilizadores de espuma, conservantes, quelantes e pode ainda conter outros ingredientes.

- Os champôs são produtos cuja composição é muito variável, dependendo do fim a que se destinam e das propriedades cosméticas que se lhes pretende conferir.

O que é um ‘champô sem sal’?

No contexto dos ‘champôs sem sal’ importa perceber qual a função do sal nos champôs. Sais como o cloreto de sódio encontram-se em baixas concentrações nos champôs (geralmente entre 1-2%), atuando como espessantes, atribuindo-lhes a consistência adequada para que o consumidor considere a sua utilização agradável. Encontram-se inclusivamente presentes em champôs condicionadores onde desempenham o mesmo papel.

O ‘champô sem sal’, ou seja, sem sais como o cloreto de sódio, surgiu no Brasil em consequência da adesão exponencial a alisamentos capilares químicos cujo efeito era reduzido após os banhos no mar e o elevado tempo de contacto do cabelo com o sal.

A água do mar contém um elevado teor de cloreto de sódio – 3,5 até 4%, sendo que, nesta concentração, contribui para a perda do filme protetor que reveste a haste capilar e para o levantamento das cutículas, tornando-o áspero e difícil de pentear. A água do mar tem assim o potencial de interferir com a qualidade e estrutura global do cabelo, afetando também o alisamento.

Apesar de se tratar de uma ocorrência pouco sustentada por publicações científicas, rapidamente se instalou a crença de que o uso de um champô com sal anularia por completo o efeito do alisamento capilar, gerando-se uma procura por este tipo de champô.

No entanto, atendendo à reduzida concentração de sal presente nos champôs, ao baixo tempo de contacto destes com o cabelo e à baixa frequência de lavagem capilar que os consumidores com alisamentos permanentes praticam, o sal incluído nestes produtos não terá praticamente efeito nos alisamentos.

- Os sais encontram-se frequentemente presentes em champôs com função espessante, em baixas concentrações com interferência mínima na qualidade do cabelo e no efeito dos alisamentos capilares.