Os nanomateriais são seguros para utilização em produtos cosméticos?

legislação europeia preconiza a segurança para a saúde humana de qualquer produto cosmético, incluindo os que contêm nanomateriais. Estes deverão ser identificados com o sufixo (nano) na lista de ingredientes descrita na embalagem dos produtos cosméticos.

Além dos requisitos transversais a todos os produtos cosméticos, a avaliação da segurança dos nanomateriais envolve considerações especiais atendendo a  caraterísticas, interações e efeitos potencialmente distintos dos apresentados pelos mesmos materiais nas suas dimensões convencionais. A Pessoa Responsável por determinado produto cosmético que contém nanomateriais deverá comunicar à Comissão Europeia todas as informações sobre as propriedades físicas e químicas dos mesmos, assim como os dados relativos à sua segurança, através do Portal de Notificação de Produtos Cosméticos, seis meses antes da sua colocação no mercado.

Atualmente, existem apenas alguns ingredientes cuja utilização sob a forma de nanomateriais se encontra autorizada em produtos cosméticos, tais como filtros ultravioleta (dióxido de titânio, óxido de zinco,tris-biphenyl triazine(ETH-50), methylene bis-benzotriazolyl tetramethylbutylphenol (MBBT)) e corantes (negro de carbono).

De acordo com o Comité Científico da Segurança dos Consumidores (CCSC), existem potenciais riscos teóricos associados à aplicação de nanomateriais em produtos cosméticos. Estes relacionam-se com a sua possível absorção através da pele, trato respiratório, mucosas ou barreira gastrointestinal. Atendendo à sua possível toxicidade pulmonar pela inalação e acumulação no organismo, a utilização destes ingredientes em produtos formulados sob a forma de aerossol/spray deve ser criteriosamente ponderada.

O conhecimento existente quanto à segurança dos nanomateriais presentes em produtos cosméticos é constantemente atualizado segundo os dados científicos disponíveis. Atendendo ao contínuo progresso científico, associado à revisão periódica da segurança de ingredientes cosméticos, as entidades europeias responsáveis propõem, sempre que necessário, atualizações à legislação em vigor.

- A avaliação da segurança dos ingredientes incorporados sob a forma de nanomateriais envolve considerações especiais dado que as suas caraterísticas poderão ser distintas das apresentadas pelos mesmos materiais nas suas dimensões convencionais.

- O conhecimento existente face à segurança dos nanomateriais continuará a ser atualizado de acordo com a contínua evolução científica e, quando necessário, transposto para a legislação europeia.

Qual a função dos alfahidroxiácidos em produtos cosméticos?

Os alfahidroxiácidos ou ‘AHA’ correspondem a uma classe de compostos ácidos assim denominados por apresentarem um grupo hidroxilo (-OH) no segundo carbono (carbonoalfa) da sua cadeia molecular. São exemplos: o ácido lático; o ácido glicólico; o ácido cítrico; o ácido málico e o ácido tartárico. Estes poderão ser encontrados na natureza ou sintetizados quimicamente.

Estes compostos apresentam inúmeras ações biológicas. Dada a sua capacidade de uniformização, renovação da pele, hidratação e regulação da produção de melanina são frequentemente utilizados em preparações para o rejuvenescimento cutâneo, antirrugas, esfoliação e atenuação de manchas hiperpigmentadas.  Tratando-se de compostos ácidos são utilizados para ajustar o pH dos produtos cosméticos, favorecendo a compatibilidade com o pH da pele. Estes ingredientes podem ainda figurar na composição de produtos de higiene íntima para reequilibrar o pH da pele e das mucosas. Produtos cosméticos com ação anticaspa, antiacne e anti-calosidades contêm frequentemente AHA ou compostos estruturalmente semelhantes.

A concentração, o pH e o tempo de exposição aos produtosque os contêm influenciam a função dos AHA. O comité Cosmetic Ingredient Review recomenda a utilização dos AHA em produtos cosméticos em concentrações até 10% em formulações com pH ≥ 3,5. Formulações contendo concentrações  mais elevadas de AHA (AHA 30% , pH ≥ 3),  deverão ser aplicadas em contexto profissional, por exemplo, em peelingsdermatológicos. Contudo, a legislação europeia não define nenhum valor para as concentrações máximas em que estes ingredientes poderão ser encontrados em produtos cosméticos.

Além dos AHA, existem outros hidroxiácidos como os betahidroxiácidos (BHA) (ex: ácido salicílico) e os polihidroxiácidos (PHA) (ex:gluconolactona; ácido lactobiónico) amplamente utilizados em produtos cosméticos.

- Os alfahidroxiácidos apresentam capacidade para esfoliar, uniformizar e renovar a pele. São também frequentemente utilizados para ajustar o pH dos produtos cosméticos.

- Dependendo da concentração, do pH e do tempo de exposição aos produtosque os contêm, os AHA poderão desempenhar diferentes funções.

 

As tintas capilares sem amoníaco são mais seguras?

Nas formulações para coloração capilar permanente é frequente a utilização do amoníaco que proporciona o meio alcalino ideal ao levantamento da cutícula externa da haste, possibilitando a entrada dos corantes até ao córtex da fibra capilar.

Contudo, este ingrediente é associado ao seu odor caraterístico e ao potencial para irritar o trato respiratório, pele e olhos. As preparações que o contêm devem ser utilizadas com precaução. No entanto, não existem evidências que relacionem o uso do amoníaco com efeitos adversos graves sobre a saúde humana em consequência da exposição a baixos níveis deste ingrediente.

A principal diferença entre uma tinta capilar demi-permanente face a uma tinta permanente é o agente alcalino utilizado, sendo que na primeira são utilizadas alternativas ao amoníaco como o aminometilpropanol (AMP), as etanolaminas e carbonato de sódio, sendo a monoetanolamina (MEA) a opção mais frequente. Assim, as tintas capilares demi-permanentes apresentam durabilidade inferior e menor poder para modificar a cor original da haste capilar, sendo adequadas para escurecer o cabelo ou manter uma cor semelhante à inicial.

Tanto o amoníaco como a MEA apresentam potencial para alterar as propriedades da haste capilar e esta última, apesar do seu odor mais discreto, não evapora rapidamente como o amoníaco, pelo que os seus resíduos poderão permanecer sobre o couro cabeludo e cabelo após o procedimento de coloração. Desta forma, a MEA poderá conduzir a irritação cutânea e dano sobre a haste capilar com alteração da qualidade da cutícula e perda de proteínas estruturais.

De acordo com a legislação em vigor, tintas capilares com concentrações de amoníaco superiores a 2% deverão conter a seguinte menção na embalagem: “contém amoníaco”, sendo que este poderá ser incluído nestes produtos em concentrações até 6%. Segundo o comité de especialistas da Cosmetic Ingredient Review, o amoníaco ou o hidróxido de amoníaco são seguros para utilização em procedimentos de coloração capilar desde que utilizados de acordo com as recomendações em vigor.

- As tintas capilares sem amoníaco não são necessariamente mais seguras.

- A segurança de uma tinta capilar relaciona-se com a concentração em que cada ingrediente se encontra e com as caraterísticas da formulação final.

- O amoníaco ou o hidróxido de amónio são seguros para procedimentos de coloração capilar desde que utilizados de acordo com as recomendações em vigor.

Qual a diferença entre um champô e um gel de banho?

Champô e gel de banho são dois produtos cosméticos de higiene, de constituição bastante semelhante: água, tensioativos, condicionadores, espessantes, estabilizadores de espuma, conservantes e outros aditivos. No entanto, entre eles existem várias diferenças. 

Em primeiro lugar, têm diferentes objetivos: enquanto o champô pretende lavar o cabelo e o couro cabeludo, o gel de banho tem como principal função a higiene corporal. Isto traduz-se em diferenças na sua composição, para dar resposta às diferentes exigências dos seus locais de aplicação. Relativamente aos tensioativos, a sua natureza pode ser a mesma (aniónicos e anfotéricos) em ambas as categorias, mas os geles de banho apresentam normalmente menor poder detergente. Por outro lado, enquanto o pH de um champô se situa entre 4 e 6, o pH de um gel de banho normalmente fica entre 5 e 6,5, uma vez que o ambiente capilar tem um pH mais ácido do que a pele. A principal diferença entre os dois produtos reside no condicionador. Os geles de banho contêm condicionadores corporais com função de reposição do manto hidrolipídico, enquanto que os champôs têm na sua composição  ingredientes com funções anti frisante, amaciador, facilitador do penteado entre outras mais específicas. Assim sendo, são inúmeras  as diferenças entre gel de banho e champô, que visam uma melhor adequação ao seu respetivo local de aplicação.

- Embora partilhem algumas semelhanças, champô e gel de banho têm muitas diferenças na sua composição, que se devem principalmente às diferenças nos seus locais de aplicação;

- As suas principais diferenças são: os tensioativos que contêm, o seu valor de pH e os aditivos. 

Quais os ingredientes de um anticelulítico?

A celulite ou hidrolipodistrofia ginóide é uma disfunção cutânea que se manifesta sob a forma de irregularidades da superfície da pele, comummente designada de “casca de laranja”. As alterações que levam ao aparecimento da celulite ocorrem nos tecidos adiposo e conjuntivo e também no sistema circulatório. Existem no mercado várias opções de cuidado, sendo uma delas a aplicação tópica de cremes, géis, óleos ou loções que têm na sua composição ingredientes com propriedades anticelulíticas. Os ingredientes ativos presentes nos cosméticos anticelulíticos, podem ser divididos, quanto ao seu local de atuação, do seguinte modo:

  • Tecido adiposo:
    • Com ação lipolítica, isto é, estimulam a degradação dos lípidos (gordura): cafeína, aminofilina, teobromina, teofilina e mateína (provenientes da noz de cola, guaraná e chá verde); dihidroergotamina; compostos com iodo – como por exemplo monoiodoamina, extrato de bodelha, acetato de sódio triiodado, iodeto de potássio e iodoprolamina; l-carnitina; entre outros.
    • Com ação antilipogénica, impedindo a síntese de lípidos, mais concretamente de triglicerídeos: como é o caso da genisteína, glaucina, xantoxilina e folhas de Lótus, entre outros.
  • Tecido conjuntivo:
    • Retinol, silício e extratos de centelha asiática e árvore-das-salsichas, entre outros, que contribuem para o restabelecimento da estrutura da derme.
  • Sistema circulatório:
    • Antiedematosos: inibidores da hialuronidase e da elastase;
    • Estimulam o fluxo sanguíneo: silício, pentoxifilina e extratos de hera trepadeira, centelha asiática, castanheiro da índia, gilbardeira, alcachofra, ananás, papaia, videira e ginkgo, entre outros.
    • Rubefacientes: nicotinato de metilo e salicilato de metilo.

Para além destes ingredientes, normalmente nas formulações anticelulíticas estão também presentes antioxidantes, como as vitaminas C, A e E, o ácido α-lipóico, a coenzima Q10 e o extrato de chá verde ou de grainha de uva. Por norma, verifica-se a associação de vários destes ativos num só produto. Para além destes ingredientes, estes produtos podem conter ainda outros ingredientes como emolientes, conservantes e perfume.

- Os ingredientes anticelulíticos atuam fundamentalmente a três níveis: tecido adiposo, sistema circulatório e tecido conjuntivo;

- Os produtos anticelulíticos são compostos por ingredientes ativos com propriedades anticelulíticas e aditivos, dependendo do tipo de formulação.