O sulfato de laurilo e sódio, ingrediente comum em champôs, é tóxico?

O sulfato de laurilo e sódio trata-se de um agente tensioativo aniónico (carga negativa) que apresenta elevado poder detergente. Inclui-se no grupo de tensioativos aniónicos designados como sulfatos, os quais podem ser utilizados em produtos de higiene, como é o caso dos champôs, em concentrações muito variáveis que podem ir até 50.0%.

Nenhum ingrediente desta classe de tensioativos consta como parte da lista das substâncias proibidas pela legislação. No entanto, são conhecidos alguns aspetos menos positivos associados a estes ingredientes. No contexto específico dos champôs, o sulfato de laurilo e sódio, pelo seu forte poder detergente, poderá apresentar um elevado efeito de remoção de lípidos do couro cabeludo e da haste capilar, alterando a qualidade dos mesmos. Sabe-se que estes ingredientes podem ser causa de irritação a nível ocular, da pele e do trato respiratório. Entre os tensioativos aniónicos da classe dos sulfatos, o sulfato de laurilo e sódio apresenta maior potencial para causar situações de irritação cutânea, principalmente em indivíduos com afeções dermatológicas. Apesar dos aspetos referidos, a sua utilização é considerada segura desde que esteja de acordo com o descrito na rotulagem e com os aspetos regulamentares em vigor.

Em geral, quanto maior o tempo de permanência na pele das formulações contendo este ingrediente maior a probabilidade de irritação. A ocorrência de reações cutâneas poderá estar ainda relacionada com a sua concentração na fórmula, a qual não deve ser superior a 1% em produtos para contacto prolongado com a pele. No entanto, não existem evidências de toxicidade a nível humano em resultado do contacto deste ingrediente ou dos seus derivados a partir de produtos cosméticos.

- A inclusão de sulfato de laurilo e sódio como agente tensioativo em produtos cosméticos é segura desde que utilizados de acordo com as condições previstas na legislação.
- Os tensioativos aniónicos da classe dos sulfatos são agentes de lavagem sujeitos a enxaguamento e, portanto, o seu tempo de contacto com a pele é reduzido, além de se encontrarem normalmente combinados com agentes suavizantes e em mistura com tensioativos com outras propriedades químicas, o que faz com que a probabilidade de ocorrência de efeitos indesejáveis seja reduzida.

Qual a composição de um champô?

Um champô é um produto de higiene corporal, que tem como principal função lavar o cabelo e couro cabeludo, podendo existir sob forma de líquido, creme ou pó. São requisitos desejáveis de um champô que, para além de limpar o cabelo e o couro cabeludo, não o desengordure em demasia, produza espuma abundante e cremosa, tenha consistência adequada, cor e aroma agradáveis, provoque o mínimo de irritação ocular e não interfira com as tintas do cabelo. Para dar resposta a todas estas exigências, os champôs têm uma composição diversificada. A título de exemplo poderão ser constituídos por:

  • Água (± até 50%) – é o componente maioritário, o veículo;
  • Detergentes (que também são tensioativos) (± até 2%) – lavam o cabelo e couro cabeludo, removendo a sujidade proveniente do meio ambiente, produtos de styling do penteado e sebo. Os tensioativos podem ser de vários tipos, tais como:
    - aniónicos – como por exemplo os alquilssulfatos (laurilétersulfato de sódio) ou os sulfosuccinatos (laurilsarcosinato de sódio);
    - anfotéricos – como as betaínas;
    - não iónicos – alcanolamidas de ácidos gordos.
  • Acondicionadores (± até 15%) – deixam o cabelo suave e sedoso após a lavagem, podem ser tensioativos catiónicos (compostos de amónio quaternário), silicones (dimeticone), propilenoglicol, glicerina ou lanolina e seus derivados;
  • Espessantes (± até 10%) – conferem maior consistência ao champô. Normalmente é utilizado o cloreto de sódio, ou outros sais ou derivados da celulose, propilenoglicol ou polímeros acrílicos;
  • Estabilizadores de espuma (± até 4%) – permitem que o champô faça espuma (como as alcanolamidas de ácidos gordos);
  • Conservantes (± até 1%) – reduzem contaminação microbiana e fúngica, antes e após a abertura (parabenos ou fenoxietanol);
  • Agentes quelantes (± até 0,5%) – previnem a formação de turvação (EDTA);
    Outros aditivos – como opacificantes (estearato de glicol), corantes, perfumes e ingredientes ativos (champôs para condições dermatológicas específicas).

Em suma, a composição de um champô é variável consoante a finalidade e as propriedades que se pretende atribuir ao champô, por exemplo um champô anticaspa terá na sua composição um ingrediente ativo com propriedades anticaspa.

- De um modo geral, um champô tem na sua constituição: água, detergentes, acondicionadores, espessantes, estabilizadores de espuma, conservantes, quelantes e pode ainda conter outros ingredientes.

- Os champôs são produtos cuja composição é muito variável, dependendo do fim a que se destinam e das propriedades cosméticas que se lhes pretende conferir.